terça-feira, 18 de setembro de 2012

                                                      A culpa é do Hugo

                   Antes de começar gostaria de afirmar que essa história realmente aconteceu.Muito pouco eu me lembro de quando comecei realmente a viver a vida,na verdade quando somos crianças ( pelo menos comigo foi assim) oque queremos é apenas brincar, aprontar ou como muitos dizem pintar o sete, e comigo não foi de outra forma, sou o mais velho de três irmão por parte de mãe e o mais velho de cinco por parte de pai, e sendo assim já vivi na minha infância o que muitos vivem  a separação dos país, mas isso irei escrever em outro momento, as lembranças que me trazem hoje são lembranças bem mais divertidas, não que uma separação seja uma lembrança ruim, acho que em muitos casos e penso que até mesmo no meu caso foi algo de bom. Hoje começo contando um pouco de um episódio que considero um pouco engraçado e contando acredito que muitos de vocês acreditarão que é invenção de uma mente fértil de alguém que não viveu tal coisa, mas vamos lá...minha infância com meus país foi algo bem ao modo do interior, apesar de ser nascido e criado no Rio de Janeiro, toda a família da minha mãe vieram do interior do estado do Espírito Santo e toda a família do meu pai vieram do interior do estado de Minas gerais, dessa forma percebe-se que são pais que são acostumados aos modos do interior, aquele modo aonde a mulher fica em casa cuidando das crianças e da casa e o marido sai pra trabalhar, pois bem assim foi o começo da minha infância, e nos nunca fomos bem de vida mas com a luta do dia a dia o meu pai sempre trazia o sustento para dentro de casa, naqueles dias as coisas eram complicadas, inflação alta e desemprego tornava a vida de todos no país bem ruim,mas mesmo assim não nôs faltava muita coisa, casinha pobre humilde mas servida de conforto aos moradores, e em meio aos poucos confortos que tínhamos era uma pequena televisão de 14 polegadas que não era muita coisa,mas pelos tempos que nossa sociedade vivia aquilo era um pequeno luxo, e por esse pequeno luxo comecei a viver um mundo de fantasia como muitas crianças vivem,gostava de assistir a desenhos jogar video game com amigos,não que eu tivesse um naquele momento, mas viver com amigos e sempre poder contar com o video game do vizinho(rsrs), e foi com essa mistura de jogos e televisão que descobri um desenho que tbm era um jogo e acontecia pela TV, o nome desse desenho chamava-se Hugo, o desenho era basicamente um duendezinho com chifrinhos como se fosse um chifre que começa sair da cabeça de um pequeno cabritinho, nada feio pra dizer a verdade um personagem bem agradável aos olhos, e que mexia com a imaginação das crianças, pois ele vivia nas florestas e vivia muitas aventuras, mas o que mais me atraia não eram as histórias que eu assistia na TV com o Hugo e sim os jogos que as crianças participavam com ele, naqueles dias era complicado ter uma linha telefônica em casa e minha família como muitas famílias não tinham telefone, e o jogo com o Hugo na TV era feito pelo telefone, apertava-se as teclas e o boneco pulava ou abaixava, e assim dava-se a brincadeira; "ahhh como eu queria ter brincado com o Hugo"- era o que eu sempre pensava, e em meio a minha frustração infantil eu comecei a criar meus próprios joguinhos com o pequeno duende Hugo, eu sempre fui uma criança talentosa para os desenhos, não que eu criasse desenhos ou personagens, mas se eu olhasse e gostasse de um desenho ou personagem na TV eu tinha muita facilidade para desenha-lo em uma folha de papel, e como eu estava em idade escolar meus cadernos viviam com desenhos do pequeno duende, eu também desenhava outras figuras como pato Donald, Mickey, Cascão, Cebolinha o personagem que me agradava eu guardava e depois desenhava em um papel, e minha mãe  como mãe coruja que sempre foi achava aquilo a coisa mais linda do mundo, nessas semanas ela pertencia a uma igreja evangélica,e como toda evangélica se ela descobrisse o duende Hugo com certeza diria que era coisa do capeta, sendo assim deixei o Hugo escondido e mostrava somente outros personagens á ela, como evangélica ela frequentava uma igreja próximo a nossa casa e igual a toda mãe ela queria que seus filhos se tornassem homens de bem sendo assim em seu julgamento qual era o melhor lugar para aprender coisas boas? a igreja e assim eu e meus irmãos íamos sempre com ela,eu como não era nada bobo com meus 9 anos levava sempre um papel e lápis e ficava num canto desenhando com a minha habilidade no desenho ganhei alguns amigos por lá o que fazia com que nossas mães também se tornassem amigas, ela como toda evangélica vivia fazendo orações em suas casas, minha mãe não era diferente chamava as irmãs da igreja pra fazer oração e começavam o "retété" e era pandeiro pra um lado, gritaria em meio a oração pra outro, sei que era uma farra que elas faziam! farra parecida só mesmo quando minha avó fazia o forró na casa dela, mas isso eu conto em outro dia, passado o momento das orações sempre acontecia a social entre elas, era um cafezinho aqui um bolinho ali, um bate papo aqui outro ali e em meio a conversa de mãe eu como toda criança fui o assunto, minha mãe como mãe coruja que era lembrou logo do quê? do quê? adivinha??? isso mesmo, dos desenhos!! eu era apenas um menino de 9 anos e como uma criança de 9 anos as vezes esquece onde deixa os brinquedos, lápis de cor,dese..., isso mesmo esqueci meus desenhos do Hugo junto com os desenhos dos outros personagens,então fui eu lá entregar meus desenhos a minha mãe para que ela mostrasse ás amigas,eu todo bobo dos desenhos,minha mãe toda orgulhosa  e as amigas querendo fazer uma média com minha mãe mostravam-se curiosas para ver todos os desenhos e até chegava a dizer elogios para enfeitar a amizade entre elas, quando de repente silêncio na sala (...) não se escutava um "a" as mulheres calaram, era o Hugo que fez o "milagre",o desenho deixou elas sem saber o que falar em poucos segundos, minha mãe não entendeu o que acontecia naquele breve momento, porém eu desconfiava só em ver a cara de assustada da idosa tiazinha que estava com meus desenhos na mão "isso é coisa do capeta irmã", foi a primeira frase após o silêncio que a anciã exclamou minha mãe sem entender do que se tratava foi ver o desenho, quando viu olhou para mim com aquele semblante de quem diz agora você vai apanhar  se prepara pra surra, só que as mulheres eram tão crentes que não quiseram saber da história do pequeno duende, daí a mais idosa entre elas e a que tinha mais conceito disse; "vamos orar seu filho agora irmã,isso é coisa do capeta que esta usando seu filho pra te atingir", aquele momento qualquer coisa que viesse pra mim estava bom,conhecendo minha mãe como eu conhecia,uma surra seria bem pior! então imagine a cena;quatro irmãs de igreja evangélica,daquelas crentes bem ferrenhas em pé em formato de circulo e eu um menino de 9 anos no meio delas e elas com as mãos na minha cabeça dizendo;sai capeta,tá amarrado,sai desse corpo! - e a outra gritando;"derrama senhor derrama senhor", e me sacode a cabeça pra lá e pra cá até que em um determinado momento em acabei caindo,afinal um menino franzino...magrelo mesmo vai,e elas umas mulheres gordas me empurrado a cabeça iria acabar de desequilibrando! eu no chão puto da vida pensando comigo; " to na merda mas tô no lucro" - afinal estava escapando da surra da minha mãe,e ao mesmo momento que eu pensava isso caído no chão as mulheres (incluindo minha mãe) gritavam ainda mais; "olha aí irmãs vamos continuar com a corrente que tá manifestando o capeta" - até que eu após uns 30 ou 40 segundos tomei um ar caído no chão e passou minha zonzeira do sacolejo das irmãs, ai sentei elas viram que eu estava normal e me trataram com carinho e ainda limparam minha barra com minha mãe, lembro como se fosse hoje elas dizendo; " irmã isso é o inimigo querendo atingir sua família, alguém que fez trabalho de macumba pra família da irmã,não bate no menino que ele não tem culpa" - ai como eu gostei daquela tia da igreja naquele momento, escapei da surra afinal minha mãe era daquelas que acreditavam muito nessas coisas, meus desenhos foram parar no lixo eu fiquei todo bagunçado pelas sacudidas na cabeça,mas mesmo assim estava no lucro, dia seguinte estava eu desenhando o Hugo de novo (rsrs).
                                               imagens do personagem duende Hugo

joguinhos que as crianças participavam